segunda-feira, 24 de setembro de 2012

O Deus de Espinosa e a Liberdade


Baruch Spinoza ou Bento Espinosa foi um filosofo holandês que ainda muito jovem aprendeu hebraico e as línguas clássicas, chamando a atenção da família e dos professores da escola judaica em que foi formado, em Amsterdã, pelos seus extraordinários dotes intelectuais e intuitivos. Na escola, o jovem estudante mergulhou fundo no estudo da Bíblia e das tradições judaicas, com especial ênfase no estudo do hebraico e do Talmude. Entretanto o estudo o levou a contestar doutrinas e o jovem filósofo pareceu tornar-se uma incômoda ameaça à comunidade judaica e a seus dogmas mais arraigados, e não faltou até mesmo uma tentativa de assassinato ao brilhante contestador. Foi excomungado, em 1656, com apenas 24 anos.

Espinosa defendeu que Deus e Natureza eram dois nomes para a mesma realidade. Ele afirmou que Deus sive Natura (Deus, isto é, Natureza) era um ser de infinitos atributos, entre os quais a extensão (matéria) e o pensamento eram os dois conhecidos por nós, humanos. Deus não é entendido por Espinosa como um Ser à parte e/ou externo ao mundo, que o governa como um engenheiro ou habilidoso artesão, mas como o próprio mundo: Divindade da Ordem Eterna da Natureza, muito superior ao entendimento fragmentado e antropomorfista humano. Para Espinosa todos somos partes ínfimas de Deus (ou do todo), partes ínfimas de sua potência. Não há um Deus externo metafísico, mas um Deus presente nas manifestações dele mesmo ou do que ele é. Sua concepção detona com o livre-arbítrio, pois restringe a liberdade a ser o que se efetivamente é. Parece muito restritivo, mas se formos pensar no temos hoje é muito mais que efetivamente podemos ser. É muito mais liberdade do que temos.

O professor filosofo Cláudio Ulpiano, especialista no pensamento dos estoicos, de Espinosa, Bergson e Deleuze, explica como se constituem pensamento e liberdade em Espinosa, inclusive o germe do que Nietzsche dois séculos depois chamaria de vontade de potencia, ou seja o único atributo que garante a liberdade.

Para quem deseja aprofundar neste assunto recomendamos a segunda parte da palesta: